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Marcelo D2 – O malandro de madureira que misturou o rap com samba

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Marcelo D2 apareceu na cena com o grupo Planet Hemp e construiu uma carreira longa, sólida e cheia de polêmicas

O rapper Marcelo D2 já é um velho conhecido pelos fãs de rap, rock e samba no Brasil. Mas não foi tão fácil fazer com que o seu nome se tornasse conhecido e, principalmente, respeitado no meio musical brasileiro. 

Marcelo D2

Na ativa desde que o som e o discurso pró-maconha do Planet Hemp chamaram a atenção do país com o álbum Usuário, de 1995, Marcelo D2 se construiu como um artista extremamente versátil. 

Assim, depois da estreia em uma banda que misturava o rock e o hip hop, ele aproveitou a sua carreira solo para experimentar com o samba; criando batidas e melodias super brasileiras e cheias de protesto.

Quem é Marcelo D2?

Marcelo Maldonado Peixoto nasceu em 5 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro, cidade em que passou quase sua vida toda. Durante a infância morou nos bairros de Madureira e Andaraí, próximo de favelas em que a vida não era das mais tranquilas para uma criança (ou qualquer adulto).

Marcelo D2

A cabeça constantemente quebrada (14 vezes!) pelos tombos nas voltas de skate e os roubos em lojas de departamentos como C&A e Americanas eram comuns na sua juventude. E depois de algum tempo a pichação e o uso de drogas nas ruas também passaram a fazer parte da sua rotina.

Aos 13 anos de idade, na época em que chegava a passar dias sem aparecer em casa, D2 chegou em casa e se deparou com o pai; que, embora não fosse mais casado com sua mãe, ainda era presente. 

A surra que tomou pelos caminhos errados em que andava seguindo na vida foi o suficiente para que Marcelo começasse a dar jeito na própria vida. A partir disso, o trabalho e a busca por uma existência mais estruturada se estabeleceu.

Marcelo D2

Depois de sair da casa da mãe e se mudar para a casa do pai, ele serviu o exército, deixou a pichação de lado, se estabeleceu em um emprego fixo e se casou; de acordo com ele, sem namorar antes. 

Da paixão à primeira vista com Sônia trouxe, cinco anos mais tarde, o primeiro filho de Marcelo D2, Stephan – que viria a participar, anos depois, da faixa Lodeando, do álbum A Procura da Batida Perfeita

Com dificuldade para se sustentar com o emprego na loja de móveis, D2 e Sônia se mudaram para Maringá, no Paraná. Mas não muito tempo depois Marcelo voltou para o Rio, apostando no trabalho de camelô como fonte de renda. 

Planet Hemp

Foi como camelô na que D2 conheceu o cara que mudaria a sua vida por completo. Skunk, ao ver as camisetas da banda Dead Kennedys que Marcelo vendia, perguntou de ele curtia o som da banda; e deixou uma fita cassete do grupo Dread Flintstones para que escutasse, prometendo buscá-la no dia seguinte. 

 A sintonia musical e a amizade se formaram a partir daí, e Skunk e D2 decidiram formar uma banda. Enquanto Skunk queria letras em inglês, Marcelo já não podia negar seu amor pelo samba e seu linguajar “da malandragem”, e exigiu que as músicas fossem em português. 

Assim, e com Skunk nos vocais, foi criado o Planet Hemp, no início da década de 1990. Apenas 4 anos depois e ainda conhecida apenas no circuito alternativo do Rio de Janeiro, o Planet perdeu seu vocalista para a AIDS.

Marcelo D2 e Planet Hemp

Mas até hoje é possível escutar o seu nomes em uma série de composições de D2 – tanto da carreira solo como do Planet Hemp. 

O sucesso e o fim do Planet Hemp

A banda, no entanto, evoluiu, e com a entrada de BNegão (em 1995), é lançado o álbum Usuário, atingindo um enorme sucesso que um dos fundadores da banda, infelizmente, não pôde presenciar. 

Marcelo D2 e Planet Hemp

Sempre defendendo a legalização da maconha, a banda chegou a ser presa no meio de um show por “fazer apologia às drogas”. Mas nada disso foi capaz de pará-los, e até hoje um dos maiores e mais emblemáticos sucessos do PH é a faixa Legalize Já.

Outra prova do amor da banda e de seu vocalista pela cannabis é o seu apelido, já que o D2 de Marcelo vem de “dar um dois”; ou seja, o que os fãs da maconha chamam de fumar um baseado. 

Marcelo D2

Apresentando algumas diferentes formações ao longo dos anos – incluindo Black Alien nos vocais, Rafael Crespo na guitarra, Formigão no baixo e Bacalhau na bateria – a banda seguiu na ativa até 2001. Foi aí que a banda anunciou o seu fim, por causa de brigas entre os seus integrantes, depois de lançar os seguintes álbuns:

  • Usuário (1995)
  • Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára (1997)
  • A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000)
  • MTV Ao Vivo: Planet Hemp (2001)

A volta do Planet Hemp

Depois de cerca de uma década separados, a banda fez algumas reuniões em ocasiões especiais, como na comemoração dos 20 anos de MTV no Brasil e na celebração dos 30 anos do Circo Voador, no Rio de Janeiro. 

Marcelo D2 e Planet Hemp

No entanto, desde 2015 a banda têm se apresentado junta cada vez mais vezes; embora D2 já tenha afirmado em diferentes entrevistas do passado que um retorno jamais aconteceria e que achava “um saco, banda que volta”. 

Mas se havia alguma dúvida em relação ao retorno oficial do Planet Hemp, não há mais. Isso porque um novo álbum de músicas inéditas (o primeiro em 20 anos!) já está pronto e deve ser lançado ainda em 2020; e com letras antigas escritas por Skunk, inclusive. 

Carreira solo de Marcelo D2

Embora só tenha saído oficialmente do Planet Hemp em 2003, Marcelo D2 já trabalhava em sua carreira individual algum tempo antes disso.

Seu primeiro álbum solo, Eu Tiro É Onda, por exemplo, foi lançado em 1998 – e logo de cara conquistou o público que já acompanhava o cantor, além dos fãs do rap.

No mesmo ano do fim da banda que lhe fez famoso, D2 lançou A Procura da Batida Perfeita, passando a acrescentar o samba em seus raps; com um sucesso impressionante, diga-se de passagem. 

A cada dois anos, em média, Marcelo apresentou novos trabalhos solo, até que em 2010 lançou Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva; uma homenagem aos sambista e amigo que era um de seus maiores ídolos e havia falecido em 2005.

Marcelo D2, Bezerra da Silva e Falcão

Dois outros álbuns foram lançados pelo cantor desde então, incluindo outros discos ao vivo da carreira solo. A discografia de Marcelo D2 na sua carreira individual inclui, atualmente:

  • Eu Tiro É Onda (1998)
  • A Procura da Batida Perfeita (2003)
  • Acústico MTV (2004)
  • Meu Samba É Assim (2006)
  • A Arte do Barulho (2008)
  • Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva (2010)
  • Nada Pode Me Parar (2013)
  • Nada Pode Me Parar – Ao Vivo (2016)
  • Amar É para Os Fortes (2018)

Os filhos e neto de Marcelo D2

Vida pessoal de Marcelo D2

Depois do casamento com Sônia – mãe de Stephan – aos 19 anos, Marcelo se casou outras três vezes; sendo a última delas há apenas poucos meses. Do casamento com Manuela, sua segunda esposa, nasceu a também segunda dos quatro filhos de Marcelo D2: Lurdinha. 

Após o fim de mais um casamento, ele se juntou à bióloga Camila Aguiar – com quem ficou por quase 20 anos, entre idas e vindas, e chegou a aparecer ao seu lado no reality Família MTV, de 2003. Com Camila, D2 teve outros dois filhos: Lucas e Maria Joana. 

Marcelo D2 no casamento com Luiza Machado

Ao longo dos últimos anos, no entanto, Marcelo D2 parou de ter filhos e se tornou avó, já que o seu filho mais velho também virou pai. Separado da última esposa, D2 se casou pela quarta vez há poucos meses, com a produtora Luiza Machado, sua namorada há cerca de um ano. 

Imagens: reprodução

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